segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O avesso do sonho

Naquele breve instante
Inspirou como se fosse a primeira vez
Seus instintos se reconheceram
Os pés não tocavam o chão
Sentia sua aura se expandir
Os olhos inebriados pela beleza
A mente livre das complexidades
Ouviu como nunca o som do coração
Necessidade nenhuma de palavras
Imersão nas sensações
Um vão vislumbre do mistério
Uma fenda amostra da magia
E em um oposto despertar
voltou a dormir...

Débora Borsatti

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Os poemas

Quantos poemas não lidos
Que triste saber
Quantos belos poemas jamais poderei ler
Quantos poemas eu choro
Por não ter sido capaz de escrever
Quanta emoção eu sinto
Quando leio um poema bem escrito
Quem dera ter sido eu
Mas como também eu sinto
É como se fosse meu

Débora Borsatti

Mudanças

Como tudo muda na vida, o avesso está mudando também, experimentando novos layouts, como foi sugerido por um leitor...
Ainda não está bem como eu gostaria, mas é complicado deixar o blog com a "cara" do que ele quer dizer não?
Dê sua opinião por favor! Help, please!
Abraço!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Aparências

As unhas vermelhas
E o salto agulha
Inspiravam confiança
O cabelo obsessivamente arrumado
E a maquiagem de perfeito desenho
Demostravam segurança
O perfume adocicado e forte
E a roupa discreta com um toque provocante
Exalavam requinte
A fala firme e direta, porém de tom delicado
Passava equilíbrio
O olhar atento aos olhos alheios
Captava intenção
O andar de passos largos e certeiros com gingado feminino
Espalhava sensualidade
O rosto pálido e desnudo
Que procurava-se no espelho do banheiro
O pijama solto e confortável
Os pés acomodados no macio chinelo de pano
Os olhos cansados de fingir
Os cabelos presos sem exímio cuidado
Na solitária noite de sábado
Imploravam por amor

Débora Borsatti

sábado, 22 de janeiro de 2011

Há dias em que não cabe mim a vontade de colocar uma mochila nas costas, ganhar o mundo e me perder nele.
Outro dia aparece aquele intenso desejo de me recolher, fechar as portas e as janelas, ficar dentro do meu mundo e me encontrar nele.
E de repente, surge uma estranha e deliciosa sensação de que estou exatamente no lugar em que deveria estar...

Débora Borsatti

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Porque a minha felicidade vem de saber que estou em paz comigo e com os outros.
De buscar ver nas pessoas sempre o seu melhor e isso todo mundo tem.
De não ter inimigos e nem vergonha de expressar meu amor.
Essa harmonia é uma construção e mais ainda, uma escolha.
De ser tolerante, de respeitar e ter humildade.
Saber a hora de falar e calar. Principalmente a hora de calar.
Entender que não sou responsável pelas dores e frustrações alheias e ninguém o é pelas minhas (exceto eu mesma).
Isto é algo muito pessoal, um trabalho solitário, quase que artístico. Sim, como aquele artista que precisa de sua introspecção para criar e assim que o faz quer mostrar ao mundo, deseja compartilhar.
Talvez você esteja pensando, mas e os conflitos? Impossivel viver sem eles...
Claro que eles existem. Ninguém vive só de harmonia, diria até que conflitos são necessários. Não é que eu fuja deles, também tenho meus rompantes, meus anseios, minhas raivas, meus momentos de julgamento os quais me permito sentir, mas não deixo crescer nem me dominar. Sei que posso enfrentá-los com consciência. Um grande desafio que a cada vez que consigo me sinto vitoriosa e mais forte.
Não fui sempre assim, nem sempre sou, mas estou aprendendo a permancer.

Débora Borsatti

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Uma mala em cada mão e um nó na garganta, assim ela estava deixando aquele que fora seu lar durante 12 anos.

Apenas uma porta a separava do universo de lembranças e as infinitas possibilidades do mundo.

Sem dúvidas ela foi andando e cada passo aquela vida ia se afastando e o inesperado se aproximava. Uma sensação de liberdade e vazio a invadiu, não sabia bem o que estava sentindo, mas sabia intuitivamente que seria melhor assim.

Deixou tudo, saiu somente levando suas roupas, queria começar do zero, renascer.

Não foi traição como muitos especulavam, foi meramente um ato de coragem de assumir que manter uma relação por comodismo não estava satisfazendo sua alma. Ela queria mais.

Antes de deixá-lo, olhou ao redor e pensou nos momentos felizes que viveram ali, suspirou com leveza e encarou-o como quem desejava comunicar-se com o que havia além daqueles olhos e falou baixinho: eu te amo e te liberto.Imediatamente as mesmas palavras retornaram como eco. Permaneceram abraçados por alguns minutos e enfim romperam o cordão invisível do apego.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

"Ah esse eu, que não perde a mania de sofrer pelo que ainda não veio"...

Débora Borsatti

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Não quero saber de não sei
Tão pouco de pode ser
Sem essa de talvez
Não me venha com "sei lás"
Não sou do incerto
Gosto do concreto
Mesmo que irreal
Porque a realidade eu que invento.
Essa verdade que eu crio
Me satisfaz
Então eu quero um sim
Se for um não também aceito
Reluto, mas aceito
Só não me aborreça com talvez...

Débora Borsatti
Dos medos
Tenho medo
Pavor que arrepia
Não da morte
Mas da vida mesquinha
Dos arrependimentos
Que atormentam
Desse insuportável
Terror da noite
Da alma escura
Que anseia por estrelas
Como uma meia lua solitária
No vazio do nada
Que aguarda o nunca
Do insano vir-a-ser...

Débora Borsatti