quarta-feira, 29 de julho de 2009

O despertar

Ele abriu os olhos e maldisse o despertador. Dirigiu-se até o banheiro se arrastando e murmurando em pensamento que era segunda-feira, ou seja, a semana estava apenas começando.
Tomou banho pensando no que comeria no café.
Sentou-se à mesa imaginando como seria seu dia e as ligações que teria de fazer logo cedo. Lembrou daquele cliente chato que ainda lhe devia, teria de cobrá-lo.
Levantou, escovou os dentes e aprontou-se para sair revivendo mentalmente a briga que tivera com sua namorada na noite anterior, analisando se a procuraria ou se deixaria que ela o procurasse.
No caminho para o trabalho, pensou nas contas para pagar, o aluguel, a luz, água, telefone, quando arranjaria tempo pra isso?
Durante o trabalho, veio em mente a janta que teria com os amigos logo mais à noite, ainda teria que passar no supermercado.
Ao meio dia saiu para almoçar, pensando em visitar seus pais no dia seguinte pois era aniversário da sua mãe, precisava comprar-lhe um presente.
Enquanto almoçava olhando para fora da janela do restaurante, visualizou a agência de viagens que ficava do outro lado da rua e deliciou-se planejando no mundo das idéias, a viagem que gostaria de fazer nas suas tão esperadas férias no final do ano.
Voltou ao trabalho, agendando suas tarefas para o resto da semana.
No final da tarde após o expediente, em direção ao supermercado, lembrou-se novamente da namorada, como ela não havia ligado, ele também não ligaria.
Já dentro do supermercado, em meio aos emaranhados das suas conexões mentais, ele ouve uma voz: fique aqui.
Olha para o lado, para cima, pensa ter vindo das caixas de som que anunciavam as ofertas, afinal estava tão distraído...E foi seguindo. Não demorou muito para manifestar-se novamente: Permaneça no agora.
Desta vez parecia mais alta, mais nítida, de onde viera?
Parecia vir do interior da sua cabeça. Começou a andar mais devagar e prestar atenção. A vida é agora, aproveite o momento.
Pensou estar ficando maluco, ouvindo vozes, no entanto de certa forma havia sentido naquelas palavras e ele foi ficando cada vez mais atento, aquilo havia feito com que parasse um pouco.
Estava aliviado, era como se alguém tivesse desligado um som extremamente alto.
Foi andando um pouco assuntado, mas atento, presente. Nesse momento, sentiu um calor acompanhado de uma sensação única de estar inteiro, tomado por um sentimento de graça e alegria o qual nunca sentira antes.
Estava vivo, podia perceber as cores e os cheiros melhor. Então sentiu vontade de abraçar as pessoas e compartilhar aquele sentimento.
De repente percebeu-se ali naquele mercado, cercado de gente, que pensava sem parar e observou que pareciam robôs ambulantes, estavam sonâmbulos. Vidas inteiras vividas de forma mecânica.
Ele estava livre, havia despertado...

Débora Borsatti

10 comentários:

Nanamada disse...

SE nao cuidarmos o cotidiano nos deixa automatos mesmo...

Beijokas

Fernanda Maria disse...

Nossa...paRECE ATÉ COMIGO..
bEN VINDA AO MUNDO
aDOREI O BLOG E O POST TA DEMAIS EIN....
PARABENS
Desculpa as letras grande...foi sem querer rsss

Eduardo Fernandes disse...

Eu ADOREI a postagem. Valeu muito a pena ler. Realmente às vezes não conseguimos perceber o que há de bom na vida e como o EU pode ser a diferença neste mundo.

O mais interessante é que eu, leitor, posso fazer diversas leituras do texto. Sei que você falou no desligamento da vida. Da forma automática e sem vivacidade que nós (as pessoas) costumamos viver. Mas, podemos falar também sobre a dominação. Sim, ela que guia a vida de todos -repetimos a cada momento coisas passadas a nós, sem pensar. As ideologias superam o tempo e nos guiam até hoje... Mensagens vindas da mídia, da família, ou de qualquer outra insituição, exercem grande influência sobre nós e não nos permitem, muitas vezes, fazer diferente.

Abraço, e continue pensando e escrevendo. É muito bom poder fazer a diferença. O conhecimento é o principal instrumento para isso.

Blog da Srtª Skellington disse...

nossa que lindo adorei !
tem razão se não cuidamos o cotidiano nos dexa mesmo autonomos
parece um pouco comigo esse texto aew !

Airton disse...

oiii
poww boa analise....

o cotidiano levado de uma maneira produtiva nos leva a aproveitar mais a vida

AG disse...

É complicado dizer se o melhor é se viver intensamente sem preocupações ou manter o equilibrio, planejar e etc. Eu tento manter um meio termo.










http://bullshitrock.blogspot.com/

Lorena Alves disse...

caraca, muito legal !! Ao mesmo tempo diferente e verossímil !!
Parabéns .

cristiano iserhard disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
cristiano iserhard disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
cristiano iserhard disse...

Eu não daria um centavo pela simplicidade que há deste lado da complexidade, mas daria minha vida pela simplicidade que existe do outro lado da complexidade.

Oliver Wendell Holmes