Débora Borsatti
Caco era um menino considerado diferente, um tanto excêntrico.
No pequeno vilarejo onde morava, tudo o menino questionava.
Pensava além, deixava seus pais atônitos com suas perturbadoras questões.
Certa vez, uma D. Ilda, uma tia muito querida da família falecera. Após o enterro, familiares, amigos, vizinhos, reuniram-se na casa dos pais de Caco. Estavam todos muito tristes, alguns inconformados, uma de suas tias chorava muito.
Foi então que Caco, observando aquela cena, na frente de toda família lançou a seguinte pergunta:
- Por que as pessoas ficam tristes e choram quando alguém morre?
A mãe, surpreendida por mais uma embaraçosa pergunta do filho, respondeu:
- Ora, Caco porque sentiremos falta dela, não estará mais entre nós, nunca mais nos veremos.
- Tudo bem, mãe, disse Caco, mas a senhora não me disse que quando alguém morre é vontade de Deus, porque a pessoa vai para junto dele descansar em paz?
- Sim, Caco, realmente.
- E Deus não é bom?
- Claro, ele é puro amor, Caco.
- Se as pessoas vão para junto de Deus quando morrem, então nós veremos a tia Ilda quando nós também formos, não é?
- Sim, pode ser, respondeu a mãe do menino pensativa.
- Então não deveríamos ficar feliz quando alguém vai?
Todos se entreolharam como se tudo aquilo que Caco estava dizendo, apesar de diferente, fizesse sentido.
- Vendo por esse ângulo você tem razão, meu filho.
Num instante toda a gente que lá estava, sorriu e agradeceu por tia Ilda ter ido para junto de Deus descansar em paz, com a certeza de que a veriam novamente.
Decidiram então, fazer um jantar, para celebrar com muito amor e respeito a ida de D. Ilda.
Desde então nunca mais os velórios e enterros foram os mesmos, as pessoas já não tinham mais medo da morte, sentiam-se mais confiantes na vida, passaram a viver cada momento com amor, alegria e com a certeza de que, quando partissem estariam com a sensação do dever cumprido e que apenas voltariam para casa, onde em breve, todos se encontrariam outra vez!
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