terça-feira, 13 de dezembro de 2011

"Não se engane, não haverá transformação sem mudança." Débora Borsatti

domingo, 23 de outubro de 2011

Borboletas no estômago

Eu precisava de alguém que chacoalhasse meu mundo
Alguém que me arrancasse dessa insossa rotina
Pra eu poder enxergar o mundo em forma de coração
É que ando tão cansada de mim.
Só queria ser levada em uma aventura
Sonhar de novo
Ver com olhos de primeira vez
Queria alguém que alterasse meus hormônios
Minha química
Ah! As borboletas no estômago
Um motivo para esperar
O cheiro da novidade
Isso é que é viver!
Não consigo adorar o mais ou menos
Não me conformo com o bom
Eu quero o ótimo, o etéreo, o surreal.

Débora Borsatti

sábado, 1 de outubro de 2011

O cheiro do novo


Adoro essa época do ano em que o clima começa a esquentar e o final do ciclo vai se proximando.
Tem um cheiro parecido com o de livro novo, é um cheiro de férias, um aroma diferente, quase um incenso de liberdade.
É a renovação que vai aparecendo de mansinho.
A despedida do inverno e da introspecção que lhe cabe.
Abram alas para o coquetel da primavera, que precede a festança do verão.
Há quem se sinta deprimido no final do ano, eu não.Vou me enchendo de graça e novas esperanças.
É tão bom fazer aquele balanço do que foi e aguardar o que está por vir.Como se ganhássemos outra chance de realizações, um renascer, de cronômetro zerado.
Claro que é um período pra lá de turbulento. O ritmo de trabalho acelera, a gente corre para a academia ou literalmente corre na rua mesmo, pra descontar os quilos a mais da hibernação, quem estuda quase tem um ataque com os exames finais, fazemos prestações imensas nas compras, mas enfim é tudo isso que nos move.
O poeta Drummond escreveu que "quem teve essa ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a trabalhar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra adiante vai ser diferente".
Quando li pela primeira vez fiquei extasiada com tamanha verdade.
Por mais que rituais de final de ano sejam quase como um grande deja vu, eu não me canso de repetir. Que maravilha poder juntar a família, até mesmo aquela tia desagradável, que todo mundo tem, afinal (não há família perfeita uma vez que é feita de humanos). Celebrar a passagem do ano com quem amamos é uma delícia!
Pode parecer muitas vezes que "os votos" sejam ditos sem sentimento, mas acredito que o mero uso de palavras doces permite que paire no ar uma magia, alguns conseguem perceber.
Sei que estou um tanto adiantada para a essa conversa toda, perdão, não pude me conter. É que eu já sinto aquele cheiro.

Dèbora Borsatti

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Envelhecer é preciso

Outro dia uma amiga comentava que sua enteada não gosta da avó. Intrigada e sempre apaixonada que fui pelos meus avós (não me conformo quando alguém diz não estimar os seus), questionei.
Sabe qual a resposta? Pasme: porque ela é velha!
O que? Como assim? Desde quando os avós têm que ser adolescentes?
Sim, pois ela alega que a senhorinha tem um mau cheiro. Eu já estava com a lágrima pronta para rolar quando não bastando ainda havia a parte em que a pobre velhinha (cheia de amor pela neta) sempre que quer abraçá-la é rejeitada.
Que situação!
Fiquei pensando e como trabalho com crianças e adolescentes, percebo com freqüência a repulsa em relação à velhice. Será que o medo da morte e a ditadura da juventude eterna a todo custo é a causa?
Idolatramos rostos de porcelana, repuxados de plásticas na tentativa insana de esconder as marcas do tempo (nada contra, quem sabe um dia eu também queira isso), mas o fato é que não queremos envelhecer.
Ok, até aí tudo certo. Quem não gostaria de ser “forever Young” como a canção? Quem trocaria a beleza, uma pele lisinha, energia a todo vapor por rugas, pouca agilidade e perda de memória? Ninguém!
Só que estamos esquecendo um pequeno gigantesco detalhe: É inevitável, sabia?
Pois é, melhor acostumar-se com a idéia, pois queira ou não é para lá que caminhamos, faz parte da jornada, do pacote da vida, a não ser que você queira morrer jovem para escapar...
Então, aproveite bem o caminho, curta seu apogeu, mas prepare-se para mais tarde. Comece respeitando quem já se encontra lá.
Porque muitos deles são depressivos? Porque não se prepararam. Acharam por algum motivo lunático que não aconteceria com eles, que viveriam felizes para sempre na terra do nunca. Pode uma coisa dessas?
A idéia de envelhecer me parece um tanto ultrapassada e por isso assusta. Gente, ser velho não significa passar os dias de pijama e pantufas esperando a morte na frente da TV! Isso já era.
É lógico que a disposição não é mais a mesma, mas convenhamos que a busca desenfreada de alcançar objetivos e as preocupações da juventude consomem demais.
Não seria então um ótimo momento para relaxar e ler aquele livro com tempo, dar uma caminhada no parque e rir da correria doida dos jovens espertalhões?
De tomar um bom sorvete numa tarde ensolarada de terça-feira.
De fazer uma viagem e realmente viajar, digo, não pensar naquela pilha de trabalho da volta, que maravilha!
De dormir até mais tarde sem culpa.
De aproveitar o tempo de sobra para um café com amigos.
De curtir a serenidade que só é possível quando não se busca.
Olha, pensando bem, não vejo a hora!

Débora Borsatti

sábado, 6 de agosto de 2011

Recomeço

Pronto
Decidi
Basta
E nem foi tão difícil
Chega
Ponto final
Acabou
E nem doeu tanto desta vez
Fim da linha
Ciclo fechado
Sentimento elaborado
E nem tive ressentimento
Guardei as fotos naquela velha gaveta
E as lembranças salvei com carinho
Virei a página
E nem precisei arrancar nenhuma
Olhei para os lados
Depois para frente
Queimei as cartas
E nem tive piedade
Fechei os olhos
Respirei fundo
Dobrei a esquina
E nem pensei em olhei para trás.

Débora Borsatti

domingo, 31 de julho de 2011

Ausência

Ando sem tempo
Afastada de mim
Fazendo contas
Roendo as unhas
Adiantando o relógio
Absorvendo o mundo
Com raros segundos de lucidez.
São minísculas fendas
Que me permitem respirar
Como se emergisse de um longo mergulho
Que lamento ter que retornar às profundezas.
Ando rezando, quando lembro.
Peço pela permanência
E aguardo o retorno à superfície...

Débora Borsatti

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Toda vez que a música acaba, o sol se põe, a cortina se fecha, vem o ponto final.
A luz se apaga, a porta bate, o ônibus desaparece na curva, o relógio pára. O café termina, o romance se esvai, o show encerra sem bis.
Surgem as estrelas, os bastidores do camarim, a pausa da narrativa, o escuro, o eco, a fumaça, o cheio, as memórias, a exaustão.
Abre alas ao silêncio, ao vazio, ao aconchego do refúgio e ao imprescindível descanso que aguarda a nova melodia.

Débora Borsatti